segunda-feira, 24 de outubro de 2011

[as tuas palavras – ‘condída’]



Levi Nauter


Querida filha,
Há muito que não mais consigo acompanhar a evolução de tuas palavras. Mas eu juro: é uma das coisas mais lindas que eu já ouvi. É incrível o quanto me dá prazer, alegria, felicidade e tudo que é coisa boa ao ouvir a tua voz.
A evolução das tuas palavras se dá, eu creio, pelo convívio comigo, com a mamãe, com os amiguinhos e amiguinhas da escola. Eu e a mamãe fazemos todo o possível para ajudar na ampliação do teu leque de palavras: muitas conversas, risadas, musiquinhas, filmes infantis, visita à casa dos parentes e de alguns amigos nossos.

De uns tempos para cá – a partir dos teus dois anos – tens demonstrado vergonha. Não á raro a gente estar perto de conhecidos (e até parentes) e tu, num primeiro momento, não quereres conversar com eles. Pões as mãozinhas no rosto ou – o que é mais comum – vens para o meu lado segura minhas pernas como que querendo dizer “PI me esconde dessa gente”.

Mas tem um momento que não tem paga nem tem preço. É quando chego em casa semanalmente às 23h ou quando em casa o dia todo começamos a brincar e você quer mais é se esconder de mim. Eu pergunto “onde está a Flor?”. De manhã bem cedo quando temos que te levar à escolinha é a mesma coisas. Primeiro que não queres levantar da cama, assim como a gente. Mais uma vez eu chego perto de ti, bem no ouvido, e pergunto num quase sussurro: ‘onde está a Maria Flor?’.
E ouço a tua voz linda e inconfundível: “tá condída” (= está escondida).
Nessas horas eu gostaria que o tempo parasse e me desse mais tempo para estar contigo. As relações que tu fazes com essa palavra também é linda. Às vezes tu pegas algo que não deveria (uma chave, uma moeda ou outra coisa perigosa para atua saúde ou integridade física) e a gente novamente questiona “cadê aquilo?”.
Ta condída.

Linda!!!
Eu te amo.