quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

sugetão de leitura - PAIS RESPONSÁVEIS...


Levi Nauter



Maria Flor:
Sempre pensamos assim: “pais responsáveis educam juntos”. A Supernanny brasileira também. Então acabou nas minhas mãos o livro com aquele título[1]. O livro (não considero que seja uma obra pois, para isso, haveria de se ter mais peso intelectual) é um conjunto de reflexões pessoais sobre educação de filhos, mesclado com histórias vivenciadas pela autora a partir da produção e apresentação da versão abrasileirada do programa inglês.
Um livro que beira o simplismo e que, apesar disso, deve vender bem por conta da imagem da apresentadora: Cris Poli.
Aos pais mais individualistas na criação de filho (s), talvez valha a pena a leitura.










[1] Pais responsáveis educam juntos, de Cris Poli, publicado em São Paulo pela editora Mundo Cristão, em 2011.

sugestão de leitura - COMO ORAR POR SEUS FILHOS


Levi Nauter



Filha que eu amo tanto:
Eu não sou frequentador assíduo de nenhum templo religioso e assim, com poucas exceções, pretendo continuar. Mas entendo, no entanto, que é sempre importante ouvir pessoas que em tese são mais sábias ou têm mais experiência com filhos do que eu e a mamãe. Nossa experiência é com alunos – coisa bem diferente de ter um filho ou filha vinte e quatro  horas por dia.
Sabe, Maria, apesar da igreja eu sou cristão e acredito no potencial altamente positivo da oração. Pode não parecer, mas é, inclusive, uma atividade terapêutica. Além disso ela sobressai a qualquer placa igrejeira – graças a Deus.
Pensando assim é que me surgiu o desejo de ler o livrinho Como orar por seus filhos, da Quin Sherrer[1]. Com 159 páginas e pensado para mães, ia lendo e mentalmente adaptando o gênero na tentativa de uma melhor compreensão dos intentos da autora. Afora alguns momentos nos quais a autora quase se autonomeia sumidade, acho que o saldo ainda foi positivo.




PS: prefiro arriscar a Quin a ter de ler a autora que mais me parece uma charlatona, Stormie Omartian. Para os leitores desta autora não existe mais Bíblia quando o assunto é oração, basta saber pra quem orar e comprar um exemplar da Omartian. Que horror!!!






[1] Li a 2ª edição, publicada em São Paulo pela Editora Vida, em 2009 – 6ª reimpressão, em 2012. (autoajuda vende sempre bem).

sábado, 15 de dezembro de 2012

[quando as coisas não vão bem]

Levi Nauter




A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelha
A tua presença


Caetano Veloso












Amor da minha vida,
Eu seria um hipócrita (tu sabe o que isso significa?) se não admitisse os reveses da vida.
Gostaria que fosse diferente, mas a vida não é um mar de rosas. Algumas pessoas querem passar essa ideia, porém é tudo fantasia ou, como tu costume dizer, “é só de brincadeira”. A gente sempre quer o melhor, luta para isso, sonha com isso; classifica textos que nos põem pra cima, ouve músicas que nos fazem bem e tem a companhia de pessoas queridas. Ainda assim, há dias em que as coisas não funcionam como sonhamos.
O que eu faço nesses momentos?
Penso em ti.
Lembro, então, de várias cenas bonitas que tenho vivido junto você.
Lembro dos dias em que chego em casa, por volta das 23h, e tu me espia pela janela gritando “meu papai chegou!”. Recordo uma das várias cenas nas quais eu e a mamãe – no fim de semana – estávamos assistindo a um filme e, de repente, tu chegaste com o cabelo todo desalinhado, o pijaminha todo amassado e com o travesseiro num braço e uma boneca no outro querendo ficar entre nós dois. E é claro que deixamos. E também é claro que a gente te encheu de beijinhos. Há outros momentos em que me lembro das tuas falas. Quando a mamãe tinha medo de dirigir e comentou sobre isso dentro do nosso carro, enquanto passeávamos, tu interrompeste a nossa conversa para dizer “mamãe, tu cunsegui, tu é grandi”. A gente ficou muito emocionado e alegre.
Tu enche nossa casa de alegria (e de bagunça). É muito dolorido imaginarmo-nos um dia sequer sem a tua presença.
Recentemente - como sempre faço no intervalo de uma escola para a outra – liguei pra mamãe a fim de saber se tudo continuava bem. Nesse dia eu não estava muito bem, um certo desânimo me espreitava. Quando a mamãe passou o telefone pra ti, me disseste “oi pai”. Eu respondi, disse que te amava muito etc.. Mas uma pergunta me desconsertou: “o que tu tem pai?”. Eu disse que nada havia, claro. Então tu me atiraste um beijinho por telefone e fechou do mesmo jeito que eu gosto de repetir : “eu te amo, muito, muito, muito”.
E é assim. Eu te amo, muito, muito, muito
 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

a melhor coisa que eu já fiz

Filha,

tu és a melhor coisa que eu já fiz. 

E não precisa mais nada.

Eu te amo muito, muito, muito!!!



terça-feira, 20 de novembro de 2012

[segunda-feira]



Levi Nauter



Filha maravilhosa,

Tivemos um feriadão. Somou-se a ele mais um dia de folga e ficamos (eu, a mamãe e você) cinco dias juntos. Brincamos, nos estressamos, passeamos, literalmente pintamos a casa por fora.

Como é terrível a segunda-feira!
A nossa casa é meu paraíso, o meu refúgio, um lugar de paz, um lar. Na nossa casa eu recupero minhas energias, eu tenho ideias que depois busco colocá-las em prática. Nela eu me reabasteço intelectualmente e, vez por outra, quando dá tempo, escrevo à caneta – um hábito que cultivo por teimosia e por entender que – para mim – funciona melhor que a tela do computador.
Mas eu disse tudo isso para tornar um pouco compreensível a minha segunda-feira.
É ruim não ter o teu sorriso pertinho de mim; os teus abraços, os teus beijos babados, as tuas falinhas sem sentido (“dióta” – como resposta a minha repreensão), os “eu te amo muito muito”. 

A melhor coisa que me pode acontecer é estar em casa com as minhas flores, você e a mamãe. Mesmo que vocês não falem comigo por algum motivo (por eu acordar mais cedo que vocês, por exemplo), só a presença de vocês já me basta. Apenas saber que vocês estão bem me deixa bem.

Ainda assim, não é fácil ficar longe de ti ao longo da semana.
E imagino que sempre será assim.
Porque eu te amo!!!



terça-feira, 13 de novembro de 2012

[agora é diferente]



Levi Nauter



Meu amorzinho:



É bem interessante que na medida do teu crescimento uma série de outras coisas vão mudando. Claro, tudo é natural, eu sei. Mas ocorre que pouso se dá valor a isso, menos ainda se registra essa mudança. Então esse texto é só para refletir um pouco sobre isso e, dessa forma, comentar sobre o teu crescimento e no que isso vem implicando.
Antigamente (não achei uma palavra melhor) era bem tranquilo irmos ao supermercado. Naquela época bastava colocar-te na cadeirinha do carrinho que tu dormias o sono dos bebês inocentes. Nesse mesmo período, não interessava aonde a gente ia, todas as pessoas nos olhavam (a mim, à mamãe e a ti) e cochichavam: “que bebê mais lindo!”. A gente ficava todo orgulhoso (no bom sentido da palavra, porque orgulho nem sempre é ruim como dizem). Um outro período chegou. Com ele, bastava a gente te colocar dentro do carrinho do super e tomar um certo cuidado: não passar perto das embalagens que chamavam a tua atenção (tarefa difícil se considerarmos que o marketing é sempre pesado em se tratando de consumo). Porém, num determinado dia, tu caíste do carrinho. Foi um susto horrível, as pessoas (que nessas horas parecem milhões) ficavam olhando e provavelmente achando que ‘éramos os piores pais do mundo’. Mas sei que não somos.
Agora tu não ficas dentro de nenhum carrinho. Nos teus três anos, tem sido uma árdua tarefa irmos ao mercado contigo. Vamos porque entendemos que temos de ir e, mais que isso, temos que te ensinar a como se comportar nessa espécie de passeio. Em casa, antes de sairmos, a gente conversa contigo. A mamãe, muito mais paciente que eu, explica TIM TIM por TIM TIM o que pode e o que não pode ser feito quando a gente sai pra fazer compras de ‘comidinha’. Bem pouco adianta da nossa conversa. Ocorre que justamente agora os teus gostos estão vindo à tona. Assim é que a gente quer comprar leite e tu queres olhar bicicletas (embora já tenha uma). Queremos dar uma olhada em vinhos, enquanto tu queres ver bonecas (apesar de teres várias em casa). Mas em se tratando de mercado tem uma coisa boa, a mamãe quer olhar coisas para a casa (modelos novos ou diferentes de prato, xícaras, talheres, copos, ou outros badulaques) e eu e tu queremos ver livros. Nessa hora, e só nessa hora, eu e tu nos fartamos. Vamos pra lá, eu pego um livro e tu pega três. Desses três, pelo menos um tem ou lápis de cor, ou canetinha, ou bichinho, ou buzinhinha... Os livros infantis são feitos para que as crianças tomem o gosto pela literatura. E eu espero que esse seja nosso momento. E desejo que tu sejas uma grande leitora. Muitíssimas vezes mais que eu.
Nesse dia das crianças a gente resolveu aproveitar o feriadão e subir a Serra. Outra vez foi diferente. Num determinado ponto do caminho resolvemos esticar as pernas e tirar uma foto do lugar. Lá estava aquele serzinho saindo da cadeirinha e querendo ver a paisagem tanto quanto a mãe e o pai. Aí me dei conta de que eu tenho um ‘princípio de mocinha’ se criando com a gente. E como nos sentimos felizes com isso, filha. A gente te ama muito.
Semana passada eu e tu, filha, fomos comprar pão. Quando voltávamos pra casa tu chamaste a minha atenção: - olha pai, que legal aquilu lá! ‘o que, filha’ – perguntei.
“Aquele lugar lá, ó, bem longe”. Realmente a paisagem era linda, uma colina que parecia se perder nas nuvens lá pelos lados de Montenegro. Fiquei muito feliz em saber que o que consideramos bom gosto estamos, pelo jeito, conseguindo te transmitir.
Continue assim.






NOTA
O passeio de que falei no texto. Eu não resisti.
Texto escrito em outubro/2012 e ‘polido’ em novembro.

[AS TUAS PALAVRAS: zecício]



Levi Nauter





Sabe, filha:
Os teus três anos são uma das melhores coisas tuas até agora (porque mais tarde também será interessante). Digo isso porque as tuas falas são iniciantes, são sem muita clareza, são de um bebê grande. É muito lindo te ver dizendo as tuas palavras, elas me soam como música vinda dos teus lábios.
Mas esse texto é pra te dizer que eu decidi participar ainda mais da tua criação. Não, eu não vou parar de trabalhar. Também não vou diminuir minha carga horária semanal (60h), pois entendo que quantidade nunca quis dizer qualidade. O que o pai decidiu fazer foi cuidar da própria vida, da saúde.
Há algum tempo visitei uma “dotora”. Ela é uma endocrinologista (conseguiste ler?) e me disse que eu corria sério risco de ter enfarto: estava com sobrepeso e com histórico de diabetes na família. Para amenizar, disse-me ela, eu deveria fazer alguma atividade física. Isso iria aumentar minha qualidade de vida e prolongá-la em anos.
Pois, há dois meses estou na academia. Lá faço esteira (no mínimo trinta minutos, quatro vezes por semana) e exercícios para pernas, braços, ombros, peito e costas. Tem sido uma bela experiência. Sinto-me com bem mais disposição. Não emagreci nada. Mas já noto a diferença do sedentarismo de antes.
A ideia com isso é prolongar um pouco meu tempo de vida e dar a ele mais qualidade e, assim, conviver mais e melhor contigo, minha princesa.
O mais legal e engraçado disso é te ver se espichando no sofá ou na cama, erguendo os bracinhos e tentando fazer alongamentos. Porque ao ser questionada sobre o que estás fazendo, tudizes quase sem fôlego: zecício, pai.
Nem bem comecei e já estou fazendo escola.
Eu te amo, minha filha!!!






NOTA
A foto que ilustra esse texto foi tirada numa pracinha de Nova Petrópolis, donde é uma briga pra tu saíres. É teu lugar de exercícios.
O texto foi escrito no papel dia 11-11, na casa da vovó. Digitado em 13-11, sob o som do belo disco  “Hymns For The Journey”, de 2006, da não menos bela Amy Grant. O marido, cantor country Vince Gil, arrasa no dueto na música Rock Of Ages. Vale a pena ouvir.