domingo, 23 de maio de 2010

cantiga

Levi Nauter







Nesse sábado, 15-5-10, tivemos um momento bem legal. Pela manhã trabalhei. À tarde, a mamãe teve que trabalhar. Ficamos nós aproveitando a tarde, antes de irmos buscá-la no colégio. Brincamos bastante, damos risadas, brincaste pelo pátio.
A partir de um determinado momento estavas com sono. Então, peguei-te no colo para ninar-te. Andei por toda a casa contigo. Cantarolei bastante, enquanto fazia uma força enorme contigo (teus 10Kg parecem 20 depois de alguns minutos). Uns quinze minutos de cantoria e já estavas dormindo.
Assim que larguei-te na cama, decidi escrever o que cantei. Leia só:
Como eu te amo
Minha florzinha
Dorme um pouquinho
Pequenininha

Que Deus dê paz
Tranquilidade
Sabedoria
Para cuidar-te

Dorme um pouquinho
Maria Flor
És o presente
Do meu Senhor

Depois de tudo, lembrei que nesse dia eu estava de aniversário.
Tu és o meu melhor presente!!!



quinta-feira, 6 de maio de 2010

médicos e medicações


Levi Nauter
 

Agora são 23h17m. estou na cama contigo. Meu fundo musical é a tua respiração, intercalada com chupões de bico. Estou mais tranqüilo agora; passei uma tarde de sufoco até a chegada na médica. Teu peso já não pode ser ignorado. Mas a razão do nervosismo foi porque  não estás bem de saúde. Por outro lado, é confortante saber que temos condições de levar-te à medica, muito embora quereríamos que isso fosse em menos medida do que tem sido nos últimos meses.
Desde foste para a creche – uma necessidade moderna – as viroses não têm dado trégua. Bronquiolite, renite, conjutivite e similares. Nebolização, sorinho, ‘spray’ no nariz, entre tantos remédios, são algumas das nossas demonstrações de cuidado. Quem dera não precisasse ser assim. Que maravilha seria poder cuidar de ti e ganhar nosso salário normalmente. Mas a vida não é assim.
Por que estou dizendo tudo isso? Porque te amo. Porque conheço uma menininha linda que, em dias normais, estaria brincando, cantando, conversando e cheia de ânimo. Cadê a sapequice que eu tanto admiro e amo? Aonde foram parar tuas artes? Quando te vejo assim deitadinha, sem nenhum gás, dá uma saudade de suar e cansar atrás de ti; dá uma vontade de dizer ‘não mexe aí’. É desconfortante ouvir teu choro que parece pedir ajuda.
[após algumas horas de sono]
São cinco da manhã. As quatro mamães e eu acordamos e ficamos inquietos com a tua quentura. Beiravas os 39°C. Teu sono, misturado com a dificuldade de respirar, fazia com que gemesse bastante, mesclando com tosses. Lá vai nebulização. Remédio contra a febre e uma possível dorzinha na garganta, muita água enquanto viras de um lado a outro na cama.
Ah, como é melhor te ver tirando as panelas do armário, ou os livros da estante, ou os potes plásticos da mamãe, ou querendo puxar a luz piscante do pendrive. Ver-te falando e/ou cantando sem parar definitivamente não tem preço.
A febre parece ter aliviado. Passaremos três dias juntos, com atestado médico e tudo. Tudo ficará bem, acredito.

Eu te amo, continue firme.



domingo, 2 de maio de 2010

minha bagunceira preferida


Levi Nauter


Outro dia me perguntaram: como está a Maria Flor? Respondi que estavas bem, dando-me muito suor. Como assim?, foi a outra indagação. Respondi, sem medo de ser feliz, que tudo que tu fazias era para mim uma alegria.
Sabe, filha, há um lado bom em ser pai com uma certa idade. Esperamos 14 anos a tua chegada. Tanto eu quanto a mamãe já fizemos tantas coisas juntos que sentíamos falta de um ser para remodelar nosso tempo. E aí chegaste. Mudou mesmo o nosso tempo. Tudo que fazemos tem a Maria Flor pelo meio. Médico? E a Flor? Viajar? E a Flor? Passar uma tarde no brique da Redenção ou do Capão? E a Flor? Vamos almoçar fora, depois prá vó, mercado e só? E a Flor?
Em todos os nossos pensamentos tu estás.
Mas nosso tempo é para isso. Planejamos esse momento. Tudo o que queremos e aproveitar da tua rica companhia. Aproveitar, quando possível, vivendo junto contigo tais momentos. Por exemplo, dia desses eu estava falando com um amigo, ao telefone, e você – espertamente – badernou toda uma parte do nosso armário de livros. Eu achei aquilo lindo. Qual era a graça de tudo em ordem e nada poder ficar fora do lugar? Teu rosto expressava um sorriso de liberdade. Os livros eram como terra pra ti: pisavas, chutavas, batias. E eu, feliz, curtia tudo.
Tuas bagunças fazem-me perceber o quanto a gente quer tudo no lugar, certinho, sem nenhuma rebeldia. Vendo-te pensei que será assim que te tornarás uma leitora – mexendo nos livros, folheando-os, rabiscando-os, rasgando-os.
Siga em frente, meu amor. Mas vai na manha, não rasgue meus livros. Pode pisar neles, bater, chutar. Chegará um tempo em que – espero – serás uma leitora voraz, começando pelos que te agüentaram.
Ah, minha bagunceira preferida.
Deus te abençoe!!!