domingo, 26 de dezembro de 2010

[atriz preferida]


Levi Nauter




Filha,

Ficar um dia sem escrever pra ti é perder a emoção diária que tu nos causa. Nesta semana, no dia 16-12-10, fizeste uma apresentação teatral. Veja só. Uma filha tão sonhada, tão desejada, agora era uma das estrelas da peça que iria começar. O espetáculo foi uma promoção da escola onde estudas desde de fevereiro/10 – Escola de Educação Infantil Smilinguido. É uma escola confessional, cristã. Disso decorre que a apresentação foi na Igreja do MOVER, aqui em Nova Santa Rita.
Eu e a mamãe estávamos ansiosos, assim como os demais papais. Não sabíamos o que exatamente seria feito. Tínhamos uma certeza, no entanto: independentemente do papel de cada criança todos os pais estariam felizes.
Era a história de Jesus. A igreja tinha o cenário pronto. Chegamos mais cedo para que pudessem preparar-te. Como todos eram pequenos, uma professora lia o texto enquanto outras guiavam as crianças pelo cenário. Foi um belo momento.
O teu papel foi representar as estrelas. O Arturzinho foi outro ‘estrela’ junto contigo. Como ainda és uma linda bebê, atuaste com a inseparável chupeta.
Singela apresentação com a mais promissora atriz.
No papel principal, para mim e para a mamãe, esta você.
Você é o nosso melhor presente de natal.
Te amamos.


o cenário estava pronto...
...mas faltava a atriz principal. E ela estava elegante, tirando o bico, claro.

sábado, 25 de dezembro de 2010

noite de natal

Levi Nauter




Filha linda,

Essa noite de Natal foi muito especial para nós. As outras duas noites também: na primeira, estavas na barriga da mamãe; na segunda, eras um bebê lindo que interagia com os sorrisos queridinhos. Agora, porém, foi diferente. Com exatos um ano e nove meses, você interage como se tivesse mais idade.
Começamos a notar que tu pegavas o triciclo, colocavas as bonecas e começavas naná-las. Empurravas a motoca para frente e para trás. E como se isso não bastasse, cantarolavas “nana nenê”. Era lindo, mas aquele carrinho era desengonçado. Muitas vezes te vimos brigando com ele.
Que presente te dar? Estava fácil. Um carrinho de bebê.
Foi o que compramos.
E nessa noite te entregamos o mimo. A noite foi especial porque estavas alegre. Já falas uma série de palavras – algumas ininteligíveis. Sobretudo, parece saber bem o que quer. Quando entregamos o presente embrulhado, ficaste eufórica e abriu-o com pressa. Teu rosto era de felicidade. Imediatamente colocaste a boneca dada pela vovó e a nanava com afinco. Era lindo, quase indescritível a cena de nós, teus pais, e dos avós te olhando. Sem nenhuma vergonha cantavas o ‘nana nenê’; noutros momentos, com a boquinha fechada, cantarolavas sussurrando a mesma música. Mais que isso, enquanto nós adultos conversávamos, tu vinhas até nós e chamava-nos: Vovó, papai, mamãe, vô! Psssssssiu. Foi o Psssssssiu mais lindo da noite. Aquele biquinho lindo pedia o nosso silêncio para que a boneca pudesse dormir. E magicamente davas um passinho para frente e outro para trás, nanando sem parar.
Claro que és um bebê. E isso ficava evidente quando fazia que dava mamá ao nenê e, de repente, pegava a mamadeirinha de mentirinha e tu mesmo mamavas. Era bem engraçado. Essa tua atitude provavelmente vem da escolinha em que estudas. Afinal, a gente nunca te nanou assim. Sempre te pegamos no colo e cantamos pra ti alguma outra música, não essa.
Pra variar, tirei bastante fotos desse momento.
Foi um Natal feliz como serão todos os próximos contigo perto da gente.
Te amamos. 





terça-feira, 21 de dezembro de 2010

minha linda

Levi Nauter



Oi amor,

Passei por aqui apenas pra dizer que te amo. Tenho bastante coisas para escrever, mas o tempo tem sido escasso. No entanto, um eu te amo você merece.

Eu te amo, lindinha do pai.


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

[porque eu te amo]

 Levi Nauter




Na minha profissão, filha, eu converso com um montão de gente. E todas as pessoas da minha idade (36 anos) ou mais velhas possuem uma história em comum: não têm lembranças de terem escutado um “eu te amo”. Sempre há alguns felizardos. Eu não fui um deles. Já fiz um esforço, mas não me lembro dessa palavra mágica ter entrado em meus ouvidos na infância. Outro dia o vô Josué comentou comigo que nunca ouvira essas palavrinhas. E é bem possível que se andássemos para trás no tempo o teu bisavô – pai do meu pai – também notaríamos que não houve o mesmo privilégio. Mas incrivelmente todos foram amados. Porque coração de pai parece ser assim, amável.
A diferença, eu acho, está entre amar porque o amado está ali e amar porque sempre foi um desejo, um sonho ter alguém para amar. É o meu caso, filha. Eu e a mamãe sempre sonhamos e desejamos ter você. E desde esse tempo nós já amávamos a ideia de ter-te. Agora que estás aqui, que és real o nosso amor por ti também é real e notório. E é um prazer para nós demonstrar esse amor.
Um dia a mamãe comentou da minha facilidade em dizer que te amo. Sorri e pensei: como não amar um ser que já era amada mesmo muito antes de ter vindo ao mundo? Imagine! Como não querer bem alguém que me fez sentir um pouco mais maduro? Não amar quem vem me fazendo ver a vida sob outros ângulos? Deixar de amar quem vem me ajudando – sem dizer uma só palavra – a reconstruir minha espiritualidade?
Impossível! Agora é tarde...




                                                        ...eu te amo.

[livros para nós]

Levi Nauter



Amor,
Tenho uma novidade bem legal.
Uma colega minha, sabedora da minha história de leitura, resolveu presentear a mim e a ti. Ela doou-nos livros cujos títulos são clássicos. Sabe, filha, o meu pai – o Vô Josué – não era muito chega em histórias infantis. As razões um dia tu vais compreender melhor, mas o certo era que todos os livros tipo esses que ganhamos iam para o lixo. Eu só ficava na curiosidade. Por que o patinho era feio? E por que a Bela só dormia? Nunca soube das respostas. O vô Josué também não sabe.
Mas sabe da novidade?
Eu vou descobrir junto contigo. Sim, meu anjo, enquanto vou lendo para ti vou lendo para mim e tentando imaginar a história naquela época da minha criancice. Provavelmente as tuas reações me darão mais prazer na leitura do que as minhas próprias.
E tem mais, eu amo histórias infantis, fico impressionado com autores que conseguem conversar com crianças que não têm pudores ao perguntar o que dá na telha. Fico mais maravilhado ainda com o teu mimoso jeito de parar para ouvi-las.
Portanto, vamos sentar na nossa sala de leitura e aproveitar A bela adormecida, A Bela e a Fera, Aladim, O patinho Feio, O Mágico de Oz, João e o pé de feijão e Peter Pan.
Os livros eram da Mariana, filha da minha colega de caminhada na educação, Ana Beatriz. Esta, Flor, adora contar boas histórias para as filhas. O marido dela, Marcio, também gosta de histórias que fazem a gente rir. Por isso, eu acho, eles são uma família risonha.
Acho que a gente vai descobrir um mundo maravilhoso, possível, cheio de amor. E a cada história quererei reafirmar o meu amor por ti. Vamos viajar juntos.

Eu te amo.




quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

sucrilhoterapia

Levi Nauter



Amor,

Pelo jeito saraste bem. No domingo, fizeste sucrilhoterapia.







o cuidado e as tuas estripulias

Levi Nauter


[o cuidado e as tuas estripulias[1]]







Um dia sem você é muito tempo
Uma vida com você é muito pouca
João Linhares







Estou com dois dias para ficar pertinho de ti. Se, por um lado, isso é a melhor coisa que poderia me acontecer, por outro, os motivos não o são. Na quarta-feira, amanheceste muito rouca e com tosse. Eu, a mamãe e tu fomos dar uma passeada. Eu também tive consulta médica, antes da tua. Antes de chegar a tua hora, fomos para a casa da vó Jussara e do vô Elio.
[uma pausa. Você já diz claramente vó – tanto para ela quanto para ele – e, de qualquer modo os velhos ficam bobos de amor por ti, filha]
Pois, lá na vó tiveste febre. Quase 38. Fomos à pediatra e estás com problemas na garganta. Uma penca de remédios serão retomados até o final deste mês.
Desconfiamos, eu, a mamãe e a pediatra quem tem a ver com a tua sadia teimosia e com as tuas estripulias. Agora deste em teimar: o que pedimos para você não fazer é o que fazes. Aprendeste a tirar qualquer calçado e meias. E mais, você faz isso no tapete e fica nos testando – indo, devagarinho, com a metade do até que põe um pé inteiro no piso frio. Quando a mamãe ou eu chamamos tua atenção você corre até o sofá e fica rindo, às vezes dizendo ‘não’.
Isso é a coisa mais linda do mundo, não há como negar. Ver-te teimando é notar teu crescimento. Não tem preço observar-te desafiando tudo à volta. Porém, algumas coisas podem ser ruins para a tua saúde. Como agora, por exemplo, em que terás de tomar medicações por trinta dias. A pesar da beleza do teu desenvolvimento, teremos de continuar negando-te algumas das tuas teimosias. Ainda bem que és criativa. Eu não poderia deixar de registrar que ficarei dois dias contigo, além do final de semana. Isso totaliza quatro dias que vou ficar com o melhor presente divino: você.





[1] Texto escrito em 02-12-10 sob o som do DVD mais escutado aqui em casa, A galinha pintadinha 1. Num dia, tive de ouvir quase dez vezes o tal DVD. Ufa.






sábado, 20 de novembro de 2010

a primeira viagem

Levi Nauter






Querida filha,
No feriado de finados decidimos acompanhar a tia Ana num passeio por duas cidadezinhas do interior[i]. Na última vez que lá estivemos tu estavas na barriga da mamãe. Nessa época, todos nós ficávamos te imaginando (como será o rostinho, qual será o tamanho...); agora, iríamos levar-te para que nossos amigos te conhecessem também.
Foi nossa primeira viagem pensada para ser viagem. Digo isso porque no verão passado (janeiro, 2010) estavas pequena e também porque foi na praia que tive a ideia de iniciar esse espaço virtual onde te escrevo. Sem contar que a praia é quase uma extensão de casa. Lá estávamos só eu, a mamãe e você. Não havia ninguém a quem estranhar.  O que parecia ser diferente para ti foi a areia e o mar; mais nada.
Saímos de casa pensando na reação de nossos amigos ao te verem. Quase duas horas depois estávamos chegando. Foi uma reação normal: viram-te, te acharam linda. Tu, no início, estavas tímida. Mas depois...
Outra curiosidade que tínhamos era ver-te diante de galinha, pintinhos, gatos. Foi muito legal. Teu rosto parecia de espanto. Apenas sorria para os bichinhos. Tio Flávio pegou um pintinho no galinheiro e deixou você tocá-lo – não sem antes demonstrar receio e esconder as mãozinhas. Acho que foi uma bela experiência.
À noite, na hora de dormir, possivelmente tu estranhaste a cama, as cobertas; talvez tenha sentido saudade da luz de casa, da tua caminha. Choraste inconsolavelmente durante uns cinco minutos. Eu e a mamãe tentamos de tudo para te acalmar e nada resolvia. Tivemos uma certa pena dos demais na casa. De repente foste acalmando, acalmando e dormiste. No dia seguinte visitamos outros amigos e voltamos para o nosso ninho.
Nada é melhor do que voltar para casa.





[i] Na foto, a Flor em meio as flores da tia Gladis, em Venâncio Aires.