domingo, 25 de julho de 2010

bela flor

Levi Nauter





Fizemos uma lembrancinha na passagem de primeiro ano. Estávamos atrás de um texto que expressasse o sentíamos. Ouvindo o disco da Maria Gadú encontramos uma música que nos pareceu perfeita. Veja o trecho que escolhemos, eu e a mamãe. É o que pensamos pra ti. 

Que dance a linda flor girando por aí
Sonhando com amor sem dor, amor de flor
Querendo a flor que é, no sonho a flor que vem
Ser duplamente flor, encanta colore e faz bem

Maria Gadú. 

santas mãozinhas


Levi Nauter



Filhotinha:


No ano passado, durante o inverno a mamãe estava em licença. Eras cuidada com todo o zelo do mundo. Você dormia bastante, os cobertores eram teus grandes amigos. Mas o tempo passou, bem rápido pensando bem. Foste para a escola infantil. Chegaram as viroses.
Neste inverno já perdemos a conta de tanta medicação prescrita. E a previsão médica não é nada animadora: pelo menos até os três anos de idade será assim. Haja paciência. O que dá um certo alívio é saber que os problemas de saúde têm a ver com o convívio com outras crianças, além de eventuais choques térmicos devido à hora que te tiramos de casa para a escolinha (às 7h), ou com a hora em que retornas, às 18h. Sempre colocamos roupas adequadas e encaminhamos algumas peças a mais; porém, as intemperies independem da nossa vontade.
Contudo, há alguns imprevistos que têm a ver com o teu crescimento. Agora os teus passos são firmes, fazem um barulhinho bem gostoso. Suamos a camiseta atrás de ti, pois andas de um lado a outro sem parecer cansada. Estamos muitíssimos felizes porque teus passos estão firmes. Nos dias de folgas – em que estás na escolinha – dá uma saudade de ouvir teu tênis ou a pantufa pisando o chão da casa. Dá um cansaço mas é lindo te ver ligando e desligando a TV, o som, o vídeo; pegando os controles e tentando sintonizar em algo que nem sabes direito o que é.
Santas são as tuas mãozinhas que pegam insistentemente as portas e as gavetas da cozinha, dos quartos, do escritório, da cômoda. Lindas mãos que me tapeiam o rosto na tentativa de dar carinho. Queridas mãos que trazem os calçados para eu pôr nos pés (às vezes fazendo uma força em razão do peso de uma bota 43). Maravilhosas mãos que já andam estragando os batons da mamãe. As mesmas mãos que também já querem se dependurar na pia ou no balcão, auxiliadas pelas pontinhas dos pés. Tudo é belo em ti.
Cá pra nós, espero que aprendas, com a mesma rapidez, a colocar 'no lugar' aquilo que dele foi tirado. Eu e a mamãe estamos tentando ensinar-te, mas ta difícil.
Outro dia deste um susto em nós. Quadriplicamos nossos cuidados para contigo. Eu estava contigo no tapete da sala; a mamãe estava fazendo a janta. Em questão de segundos, foste até a pia, puxaste a gaveta que veio de encontro ao teu rosto foi uma cena horrível. Tua boquinha começou sangrar. A gengiva, logo acima de teus dois primeiros dentes superiores, havia sofrido um pequeno ‘rasgo’. Colocamos água fria; o sangue estancou, como dormiste bem não procuramos médicos no ato. Informamo-nos posteriormente e tudo estava ok. Mas foi um susto enorme. O resultado disso foi que tiveste o primeiro “se finar chorando”. Esta é a razão para fazermos em ti o primeiro eletrocardiograma. Depois conto a respeito.
Mil beijos, nosso amor.
Tu és o melhor presente de Deus.



segunda-feira, 19 de julho de 2010

botar

Levi Nauter



Maria,

Escrevo este texto quando estás com um ano e três meses. Há algumas semanas aprendeste a dizer nitidamente uma palavra (porque há muitas outras que não temos a mínima ideia do que possam significar): botar. A coisa mais linda e emocionante do mundo é ouvir-te dizer com voz bem dengosa: “botá”.
Acho que tem a ver com o que muito vens ouvindo. Quando tiras um pote da gaveta, eu e/ou a mamãe falamos: ‘bota lá’ (apontando para a gaveta). Quando abres alguma gaveta do escritório ou quando eu pego o balde para guardar teus brinquedos, tasco: ‘bota aqui’.
Então chegaste para ampliar esse significado, pelo menos no aconchego de nossa casa. Quando queres mamar, olhas a mamadeira e diz cheia de dengo: ‘botar’! quando com sede, ‘botar’ – diz olhando a mamadeira. Para pedir uma bolacha, uma fruta, uma caneta, um caderno: ‘botar’.
A gente se enche de alegria, de emoção e te cobrimos de beijos. Que mistério maravilhoso um ser que era prematuro, miudinho – agora com 81 cm e 11Kg – começar a falar de um jeito tão lindinho.
Continue, filha. Te amamos muito. Grava isso. 




botar

Levi Nauter



Maria,

Escrevo este texto quando estás com um ano e três meses. Há algumas semanas aprendeste a dizer nitidamente uma palavra (porque há muitas outras que não temos a mínima ideia do que possam significar): botar. A coisa mais linda e emocionante do mundo é ouvir-te dizer com voz bem dengosa: “botá”.
Acho que tem a ver com o que muito vens ouvindo. Quando tiras um pote da gaveta, eu e/ou a mamãe falamos: ‘bota lá’ (apontando para a gaveta). Quando abres alguma gaveta do escritório ou quando eu pego o balde para guardar teus brinquedos, tasco: ‘bota aqui’.
Então chegaste para ampliar esse significado, pelo menos no aconchego de nossa casa. Quando queres mamar, olhas a mamadeira e diz cheia de dengo: ‘botar’! quando com sede, ‘botar’ – diz olhando a mamadeira. Para pedir uma bolacha, uma fruta, uma caneta, um caderno: ‘botar’.
A gente se enche de alegria, de emoção e te cobrimos de beijos. Que mistério maravilhoso um ser que era prematuro, miudinho – agora com 81 cm e 11Kg – começar a falar de um jeito tão lindinho.
Continue, filha. Te amamos muito. Grava isso.