terça-feira, 8 de janeiro de 2013

[o gosto]



 Levi Nauter




Às vezes te odeio por quase um segundo
depois TE AMO MAIS

Herbert Vianna (grifo meu)





Amor,


Faz no máximo dois meses (enquanto escrevo tu estás com quase três anos e dez meses) que nos permitimos dar-te chiclete. Até então, quando eu ou a mamãe estávamos mascando-o, tu vinhas curiosinha questionando “que tu tá comendo?”; “remédio”, dizíamos. Em certo sentido é remédio. Certa vez, quando eu estava com a garganta congestionada por uma gripe e parecia trancar os meus ouvidos, o médico lascou “masque chiclete para ajudar a melhorar a audição”. E assim fiz. E ajudou mesmo. Para você não correr nenhum risco de acidente, optamos pela cautela de protelar tua iniciação nisso que é quase um vício meu.
Acontece que no teu léxico andam surgindo palavras novas, mais rebuscadas. A tua gramática interna está se ampliando cada vez mais, e mais ligeiro do que a gente imaginava. A consequência disso é que nosso poder de argumentação – aquele bobinho para criancinhas – passou a minguar. Com isso eu e a mamãe temos de experimentar cada vez mais a difícil arte do convencimento. Difícil porque, a priori, tua inclinação e ir de encontro (e não ao encontro) do que a gente quer.
Agora tu já entendes o que significa, na prática, não poder engolir. Quando tu comes azeitonas, por exemplo, a gente sempre te orientou: ‘o caroço não pode ser engolido, se não tranca no pescocinho da Flor’! imaginando-se verdadeiro o adágio “água mole em pedra dura tanto bate até que fura”, tu soubeste apreender essa história de engolir ou não.
Nesse final de semana tu disseste algo que achei tão lindo.
Pediste um chiclete.
Demos-te.
Mas acompanhado de todo um discurso sobre o cuidado com a goma de mascar.
A tua resposta?
“tá bom, eu só vou engolir o gostinho”.

Filha, a tua vida trouxe mais vida para a minha vida.
Eu te amo, filha.








NOTA
A foto foi tirada pelo celular lá na casa da vovó Jussara no final de 2012. Lá o pátio é bem grande, então aproveitamos e levamos a tua bicicleta para que tu andasses sem que nos preocupássemos. Quanto à poesia usada como epíteto, tanto eu quanto a mamãe conhecemos mais a versão dos Paralamas do Sucesso; no entanto, a composição (autoria do texto) prioritariamente - numa rápida pesquisa na web - atribui-se a Herbert Vianna ou Cazuza. Optei pelo primeiro por ter conhecido a música a partir da voz dele.



 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

2012 para 2013



 
Levi Nauter




Amor de filha,
Essa foi nossa terceira passagem de ano novo  – eu, a mamãe e você. Foi ótimo estarmos apenas nós três; só a nossa pequenina família. Ao longo do último dia ajeitamos a casa, lemos algumas páginas de livros e tu, entre outras coisas, olhaste o teu novo canal preferido: Nick Jr (antes foram Discovery Kids e Disney Jr). Depois, já pelo começo da noite, assistimos a um filme juntos.
Finalmente, na hora da virada estávamos saboreando uma bela e deliciosa torta de sorvete.
Mas o ponto alto foi o brinde. Foi lindo, filha, brindar a chegada do ano novo contigo. Agora estás mais espertinha, tanto que facilmente seguraste a taça (com refri; eu e a mamãe com espumante). Hummmm, tava muito bom!
Que nossa família continue cada vez mais unida.
Eu te amo minha filha. Meu amor.