sábado, 20 de novembro de 2010

a primeira viagem

Levi Nauter






Querida filha,
No feriado de finados decidimos acompanhar a tia Ana num passeio por duas cidadezinhas do interior[i]. Na última vez que lá estivemos tu estavas na barriga da mamãe. Nessa época, todos nós ficávamos te imaginando (como será o rostinho, qual será o tamanho...); agora, iríamos levar-te para que nossos amigos te conhecessem também.
Foi nossa primeira viagem pensada para ser viagem. Digo isso porque no verão passado (janeiro, 2010) estavas pequena e também porque foi na praia que tive a ideia de iniciar esse espaço virtual onde te escrevo. Sem contar que a praia é quase uma extensão de casa. Lá estávamos só eu, a mamãe e você. Não havia ninguém a quem estranhar.  O que parecia ser diferente para ti foi a areia e o mar; mais nada.
Saímos de casa pensando na reação de nossos amigos ao te verem. Quase duas horas depois estávamos chegando. Foi uma reação normal: viram-te, te acharam linda. Tu, no início, estavas tímida. Mas depois...
Outra curiosidade que tínhamos era ver-te diante de galinha, pintinhos, gatos. Foi muito legal. Teu rosto parecia de espanto. Apenas sorria para os bichinhos. Tio Flávio pegou um pintinho no galinheiro e deixou você tocá-lo – não sem antes demonstrar receio e esconder as mãozinhas. Acho que foi uma bela experiência.
À noite, na hora de dormir, possivelmente tu estranhaste a cama, as cobertas; talvez tenha sentido saudade da luz de casa, da tua caminha. Choraste inconsolavelmente durante uns cinco minutos. Eu e a mamãe tentamos de tudo para te acalmar e nada resolvia. Tivemos uma certa pena dos demais na casa. De repente foste acalmando, acalmando e dormiste. No dia seguinte visitamos outros amigos e voltamos para o nosso ninho.
Nada é melhor do que voltar para casa.





[i] Na foto, a Flor em meio as flores da tia Gladis, em Venâncio Aires.

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