sábado, 15 de dezembro de 2012

[quando as coisas não vão bem]

Levi Nauter




A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelha
A tua presença


Caetano Veloso












Amor da minha vida,
Eu seria um hipócrita (tu sabe o que isso significa?) se não admitisse os reveses da vida.
Gostaria que fosse diferente, mas a vida não é um mar de rosas. Algumas pessoas querem passar essa ideia, porém é tudo fantasia ou, como tu costume dizer, “é só de brincadeira”. A gente sempre quer o melhor, luta para isso, sonha com isso; classifica textos que nos põem pra cima, ouve músicas que nos fazem bem e tem a companhia de pessoas queridas. Ainda assim, há dias em que as coisas não funcionam como sonhamos.
O que eu faço nesses momentos?
Penso em ti.
Lembro, então, de várias cenas bonitas que tenho vivido junto você.
Lembro dos dias em que chego em casa, por volta das 23h, e tu me espia pela janela gritando “meu papai chegou!”. Recordo uma das várias cenas nas quais eu e a mamãe – no fim de semana – estávamos assistindo a um filme e, de repente, tu chegaste com o cabelo todo desalinhado, o pijaminha todo amassado e com o travesseiro num braço e uma boneca no outro querendo ficar entre nós dois. E é claro que deixamos. E também é claro que a gente te encheu de beijinhos. Há outros momentos em que me lembro das tuas falas. Quando a mamãe tinha medo de dirigir e comentou sobre isso dentro do nosso carro, enquanto passeávamos, tu interrompeste a nossa conversa para dizer “mamãe, tu cunsegui, tu é grandi”. A gente ficou muito emocionado e alegre.
Tu enche nossa casa de alegria (e de bagunça). É muito dolorido imaginarmo-nos um dia sequer sem a tua presença.
Recentemente - como sempre faço no intervalo de uma escola para a outra – liguei pra mamãe a fim de saber se tudo continuava bem. Nesse dia eu não estava muito bem, um certo desânimo me espreitava. Quando a mamãe passou o telefone pra ti, me disseste “oi pai”. Eu respondi, disse que te amava muito etc.. Mas uma pergunta me desconsertou: “o que tu tem pai?”. Eu disse que nada havia, claro. Então tu me atiraste um beijinho por telefone e fechou do mesmo jeito que eu gosto de repetir : “eu te amo, muito, muito, muito”.
E é assim. Eu te amo, muito, muito, muito
 

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