domingo, 24 de janeiro de 2010

[1] primeiras palavras


por Levi Nauter
 


A quem posso perguntar que vim fazer neste mundo?
Por que me movo sem querer, por que não fico parado?
Pablo Neruda, em Livro das perguntas





Oi, filhota!
 Esse espaço é dedicado a ti com muito amor. E foi criado em janeiro/2010, quando tens nove meses. Levei um tempo elaborando como guardaria meus apontamentos a respeito do teu desenvolvimento. Costumo pô-los em papéis (para os textos deste blog, comprei um caderno), mas perco-os. Não poderia correr o risco de perder nada a teu respeito; nada de quem tanto amo.
Tenho uma grande curiosidade em – daqui a cinco ou seis anos – ver-te lendo esses textos. Há um longo caminho pela frente. Tenho muito que trabalhar para, lá por 2015 ou 2016, finalmente saber do teu rosto na hora da leitura; ver as impressões que ficarão... Espero que goste! Mais ainda: gostaria que aceitasses um pedido de diálogo juntos, no mundo virtual bem como no mundo real. Esse é um pedido cuja resposta será demorada, sei. Hoje nem tens um ano de idade, porém, vou aguardá-la por arrastados anos (uma resposta, quando a gente espera, é sempre uma eternidade).
A Lu, a mamãe, também está radiante e curiosa. Temos muito que esperar. Descobrimos que o melhor jeito disso ocorrer rápido é aproveitando cada minuto da tua meninice. É dizendo a todo momento que te amamos muito, que és o melhor presente que recebemos de Deus. Ironicamente, o tempo fica muito curto quando estamos contigo, filha. Notar teu jeito de dormir, respirar; as poses durante o sono. Também o jeito de acordar, de responder ao nosso “bom dia!” recheado de beijos e esticados de espreguiçamentos. Tudo nos derrete e emociona profundamente. Pegar-te no colo, cheirar teu pescoço, tua nuquinha. Fazer massagem num corpinho tão delicado de bebê  é para nós o máximo. Na verdade falta-nos palavras. Tudo em ti é máximo.
Demoramos quatorze anos para prepararmos um lugar especial para ti. Fomos criticados, fomos alvos até de algumas piadas; assustavam-nos quanto à demora em ter-te. Nada nos abalava. Foi ótimos termos feito tudo o que fizemos. Agora, nosso tempo é todo teu. Porque tivemos um longo caminho de uma opcional espera, chegou a nossa vez. Estamos – a mamãe e eu – muito felizes. Em nossos locais de trabalho tu és o assunto. Enquanto escrevo este texto já temos, aproximadamente, 1000 fotos tua – começando pelo teu primeiro minuto de vida.
Eu pretendo que esse espaço seja assim, um lugar para eu dizer das minhas alegrias, das minhas ousadias e dos meus medos no convívio com duas joias preciosas em casa.
Beijo, filha!!! Na testa, nas buchechas, na ponta do nariz, na barriga e nos pés.



PS: eu te amo!


NOTA
desenho é uma ilustração de Kerry Millard para o livro infanto-juvenil "A ILHA DE NIM", de Wendy Orr, editora Brinque-Book, 2008, pág. 36.


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