quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

[porque eu te amo]

 Levi Nauter




Na minha profissão, filha, eu converso com um montão de gente. E todas as pessoas da minha idade (36 anos) ou mais velhas possuem uma história em comum: não têm lembranças de terem escutado um “eu te amo”. Sempre há alguns felizardos. Eu não fui um deles. Já fiz um esforço, mas não me lembro dessa palavra mágica ter entrado em meus ouvidos na infância. Outro dia o vô Josué comentou comigo que nunca ouvira essas palavrinhas. E é bem possível que se andássemos para trás no tempo o teu bisavô – pai do meu pai – também notaríamos que não houve o mesmo privilégio. Mas incrivelmente todos foram amados. Porque coração de pai parece ser assim, amável.
A diferença, eu acho, está entre amar porque o amado está ali e amar porque sempre foi um desejo, um sonho ter alguém para amar. É o meu caso, filha. Eu e a mamãe sempre sonhamos e desejamos ter você. E desde esse tempo nós já amávamos a ideia de ter-te. Agora que estás aqui, que és real o nosso amor por ti também é real e notório. E é um prazer para nós demonstrar esse amor.
Um dia a mamãe comentou da minha facilidade em dizer que te amo. Sorri e pensei: como não amar um ser que já era amada mesmo muito antes de ter vindo ao mundo? Imagine! Como não querer bem alguém que me fez sentir um pouco mais maduro? Não amar quem vem me fazendo ver a vida sob outros ângulos? Deixar de amar quem vem me ajudando – sem dizer uma só palavra – a reconstruir minha espiritualidade?
Impossível! Agora é tarde...




                                                        ...eu te amo.

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