terça-feira, 26 de abril de 2011

[medinho]


Levi Nauter



Sabe, filha,
eu ainda guardo na lembrança algumas coisas do meu tempo de criança. É, papai também foi criança e também tinha medo do escuro. Parecia que havia fantasmas na escuridão da noite. Então eu corria até a porta do quarto e chamava a mãe ou o pai (teu avô, Josué). Acho que eu incomodava. Às vezes eu ouvia um “que saco!” antes da porta abrir. Mesmo assim ficar perto do pai e da mãe ainda parecia mais seguro.
Agora chegou a tu vez. Já perdemos as contas (eu e a mamãe) das vezes em que vens ao nosso quarto, com o travesseiro nos braços, pedindo um cantinho para deitar. Não sei o que tu enxergas à noite. Sei que acordas dizendo “mainhê” ou “paiê” e, em seguida, ouvimos teus pezinhos chegando perto de nós. Não sei a mamãe, mas eu acho uma das coisas mais belas do mundo poder dar aconchego pra ti.
Tu és meu maior presente, o maior tesouro dado por Deus e desejado por mim e pela mamãe. Provavelmente por isso é que nos sentimos privilegiados por podermos te dar a sensação de segurança e um pouco mais de tranquilidade ao teu sono.
Que os teus sonos e sonhos sejam sempre tranquilos assim como a vida que desejamos pra ti.


Te amamos muito.
NOTA
Texto postado ao som do excelente disco do Ivan Lins com The Metropole Orchestra. Neste exato momento, ouço Arlequim desconhecido.


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