terça-feira, 12 de outubro de 2010

dia da criança 2

Levi Nauter



Dia da criança 2[1]



Flor:
Hoje eu acordei muito feliz e também preocupado. A preocupação é bem pouquinha em vista da felicidade. Essa sim tomou conta de mim. Como o sol está brilhando, os passarinhos fazendo uma festança, a mamãe e você estão num sono tranquilo, eu decidi vir para os fundos de nossa casa e escrever essa mensagem para ti.
Quando eu acordei, fui buscar pão e, no caminho, bati um papo com Deus. Disse a Ele um “muito obrigado” looongo por ter você perto de mim. Como eu sou feliz por você estar perto. Não imagino ficar um dia sem te ver. Enquanto escrevo, além das lágrimas que teimam em demonstrar alegria, passa um filme na minha cabeça com todos os teus sorrisos até essa foto que ilustra esse texto – tirada recentemente. Teu sorriso, Flor, é como uma força para mim. Ele me empurra a sonhar mais; teu corpinho dançando as músicas do Patati Patatá[2] me faz quase não crer que fui capaz de, junto com a mamãe, gerar um ser tão angelical, tão querido, tão meigo. Ah, como eu te amo.
Mas eu segui falando com Deus. Disse a Ele que Ele é maravilhoso porque me deu o melhor que tinha. Falei que Ele parece ter olhado para baixo, visto eu e a mamãe e dito: “Ah, vocês querem uma menininha linda, sapeca, cheia de saúde, inteligente? Eu já sei, vou dar a que mais amo para vocês.” E continuou: “tomem, cuidem bem dessa Flor. Cuidem bem!”
E é o que temos tentado fazer.
Parece brincadeira, mas às vezes eu acho que tu cuida mais de mim que eu de ti. Quando chego meio triste ou cansado do trabalho e recebo teu abraço, encho-me de alegria. Pela manhã, quando vou trabalhar e te beijo, o teu ‘chau’ é tão especial que parece me guiar até as escolas onde trabalho. O teu ‘chau’ é como um pedaço teu que me acompanha o dia todo. E quando volto, se estás dormindo, tua boquinha chupando o bico e as tuas poses dormindo me dão a certeza de que valeram as lutas daquele dia. Tenho a impressão de ser este o meu papel de pai: lutar, labutar para que você tenha liberdade.
Quando falei em preocupação estava me referindo a coisas de pai e mãe. Por exemplo, quero que você seja livre e viva livremente cada fase do teu crescimento. Agora és um bebê (e só vais entender o que estou dizendo mais lá na frente) e queremos que viva como um bebê. E bebê mexebate, derruba, morde, abraça, beija, cai, levanta, teima, chora e sorri – entre outros afazeres. Buscamos que tenhas o ambiente ideal para as tuas criancices, ou seja, nossa função é deixar a casa livre e só cuidar que não te machuques. Com o passar dos anos, não vais mais brincar como agora; evoluirás. Nosso desejo é que, enquanto criança sejas criança. Quando adolescente, que vivas plenamente a adolescência. Infelizmente parece que alguns pais atropelam seus babys, tornando-os mini adultos. Essa era a pequena preocupação. A nós pais cabe essa reflexão. Só a nós.
Continuemos com as alegrias.
Chegaram presentes. Eu e a mamãe demos um livro (logo desenhos dele vão aparecer aqui no blog). Os avós maternos deram uma boneca que tua adora. Ela fala trinta frases (não sei bem por que esse item vem destacado na embalagem), embora a tua paixão seja pelo bico do “nenê”. Os dindos (Raquel e Diego) deram outra linda boneca de pano que tu também amaste. E para a tua coleção de músicas infantis, o CD Fábrica de brinquedo[3] vai começar a rodar a partir de hoje aqui em casa.
Feliz dia da criança, minha filha!
Eu te amo.



[1] Porque é o segundo ano que você está com a gente.
[2] CD e DVD Volta ao Mundo.
[3] O trabalho Fábrica de brinquedo é do Pato Fu. O CD não é com música infantil, tampouco é um CD infantilizante. Ao contrário, é um trabalho bem feito no qual se utiliza de brinquedos que as crianças gostam como instrumentos musicais. Ótima sacada também  foi a ‘utilização’ de crianças nos vocais, nas leituras de textos ao longo das canções. Só não se deve esperar perfeição musical.

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